O presidente do Senado, José Sarney, fez uma comparação inusitada nesta terça-feira ao defender o sigilo eterno de documentos mantidos pelo governo. "Nós não podemos fazer WikiLeaks da história do Brasil, da construção das nossas fronteiras. Quanto a documentos atuais, eu não tenho nenhuma restrição. Acho que devem ser abertos", afirmou. Um dia antes, ele já havia defendido que documentos históricos fossem mantidos em segredo por tempo indeterminado.
Sarney ressaltou, entretanto, que não vê problema na revelação de arquivos mais recentes, inclusive os do regime militar e os de seu próprio governo. De acordo com ele, o problema são as possíveis consequências diplomáticas da liberação de alguns arquivos de tempos remotos. Na lógica de Sarney, a divulgação de informações centenárias pode criar embaraços hoje.
Já o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), defendeu nesta segunda-feira que o material sigiloso seja liberado de forma gradativa. Ele é contra o segredo eterno desses documentos.
As declarações ocorrem no momento em que o governo retirou o caráter de urgência de um projeto que tramita no Senado e que trata do assunto. A proposta, elaborada pelo governo Lula, já passou pela Câmara -- que, entretanto, substituiu a possibilidade de sigilo eterno por um tempo máximo de 50 anos. Agora, o governo avalia se aciona a base aliada para alterar novamente a proposta, reestabelecendo a possibilidade de segredo por tempo indeterminado.
Por Gabriel Castro e pela Veja
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