terça-feira, 30 de agosto de 2011

Boa parte das instituições federais de ensino está em greve há quase três meses. E ninguém dá a menor bola. Greve contra petistas é coisa de reacionários!

Querem enfiar Haddad goela abaixo do eleitor. O esquema é profissional!
Quem aí sabia que mais de 50% dos campi das universidades federais e das escolas técnicas federais estão em greve desde, atenção!!!, 6 de junho??? Quase ninguém.
É isto aí: quando se trata de uma greve contra os companheiros, os manifestantes estão condenados a uma espécie de solidão noticiosa. Enquanto a turma ficava lá reivindicando Deus sabe o quê, Fernando Haddad era lançado pela “imprensa progressista” e também pelos “progressistas” infiltrados no jornalismo sério, candidato à Prefeitura de São Paulo. Metade das federais paradas, e o Gugu-Dadá do leninismo estava recebendo Marilena Chauí em sua casa, com ampla cobertura. Marxilena, naturalmente, é favorável a greves na USP — vocês sabem, ela é contra tucanos perversos, mas deve achar que paralisação nas federais é coisa de sabotadores reacionários. É, Lênin, a grande inspiração moral de Haddad, passaria fogo nos contra-revolucionários, né?
Olhem, eu nem sei quais são as reivindicações de alunos e professores. Não costumo ser babá desses movimentos. Podem ser justas, podem ser injustas. Isso, para o meu post, é irrelevante. Este texto não trata de movimento sindical, mas de jornalismo. O que me pergunto é por que o assunto não é pauta de ninguém.
Todos têm as suas ninfas inspiradoras. Também tenho a minha. Noto que Laura Capriglione, a minha Tétis — e as outras Nereidas que povoam todos os veículos —, ainda não foi ver por que as instituições federais estão paradas. Folgaria em ler um daqueles textos em que a aparente objetividade é posta a serviço da opinião. Como eu tendo a ser barroco, aprecio aquele estilo folha seca. Mas nada!
O absurdo é tal que Dilma e Haddad anunciaram a criação de quatro novas universidades federais há duas semanas — que, segundo dados oficiais, custarão o equivalente a dois exames do Enem (!!!) —, e não se disse uma vírgula sobre as greves. Nada vezes nada! Imaginem se a USP estivesse parada há quase três meses!!! Haveria o risco de a ministra Maria do Rosário (voltarei a esta valente daqui a pouco), dos Direitos Humanos, ir ao campus para saber como estavam sendo tratadas as pobres vítimas do PSDB… Isso deveria envergonhar alguns pauteiros. Mas é provável que se orgulhem da tarefa cumprida.
 
Por Reinaldo Azevedo VEJA

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